a11y - Parte 1: Introdução à Acessibilidade
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a11y - Parte 1: Introdução à Acessibilidade

30/03/2025 4 min de leitura

Acessibilidade consiste em tornar determinado conteúdo acessível ao maior público possível. Entretanto, isso não significa que precisamos construir produtos exclusivos para acessibilidade; ela não é uma funcionalidade, mas sim uma experiência a ser proporcionada aos nossos usuários.

"O poder da Web está na sua universalidade. O acesso de todos, independente da deficiência, é um aspecto essencial." — (Tim Berners-Lee)

Ao falarmos de acessibilidade estamos nos referindo a pessoas com diferentes características, vivências, condições e necessidades. Todos nós podemos vivenciar limitações diariamente, às vezes até mais de uma vez por dia. Espero que, ao longo destas leituras, você consiga identificar melhor as variadas formas de deficiência e compreender como elas impactam a experiência das pessoas no meio digital e presencial.

A evolução da Acessibilidade

A acessibilidade surgiu, por volta da década de 1940, como um conceito que designava condições de acesso para pessoas com deficiência. Desde então, vem ganhando força e visibilidade, especialmente nos últimos anos, com o aumento do interesse das empresas em tornar suas soluções mais inclusivas.

"Acessibilidade é a condição para utilizar, com segurança e autonomia, total ou assistida [...] os dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida." — (Estatuto da Pessoa com Deficiência [Lei nº 13.146/2015, art. 3º, inciso I])

Entretanto, apesar do crescente interesse de algumas companhias, muitos ainda acreditam que "aplicar acessibilidade" é algo extremamente custoso para a empresa ou que essas abordagens não fazem parte do escopo e do público-alvo. Esses mitos acabam afastando as organizações de práticas que, além de necessárias, são também benéficas para os negócios.

A Acessibilidade

Acessibilidade significa garantir acesso a todos, independentemente de suas limitações ou deficiências. E isso precisa ser pensado desde a concepção de um produto até a sua entrega final (ou MVP), visando evitar possíveis retrabalhos. Afinal, corrigir algo depois de entregue tende a ser mais complexo — e, em alguns casos, talvez nem seja corrigido. Esse é um dos motivos pelos quais a acessibilidade deve ser levada em conta desde a concepção do projeto.

"Acessibilidade é pensar em todas as pessoas que estariam utilizando o seu produto, seja ele uma aplicação, aplicativo, um banheiro ou qualquer outra coisa."

Imagine que você abre uma porta pela metade. Algumas pessoas até conseguirão passar, mas aquelas que estão carregando sacolas, têm uma limitação motora e precisam de um aparelho, ou enfrentam outras deficiências — sejam temporárias ou permanentes — provavelmente não conseguirão. Isso está acessível?

Acessibilidade: para muito além do público-alvo

Você sabia que pesquisas apontam que sites acessíveis se tornam mais atrativos ao público em geral? Isso ocorre porque um layout acessível tende a ser mais intuitivo e resolver problemas comuns, como representações visuais confusas, espaçamentos irregulares e escolhas de cores inadequadas.

"Web é para todos, não tem essa de público-alvo. Se pensarmos assim estamos ferindo um dos principais conceitos da web: ser acessível para todos." — (Talita Pagani, FrontinVale2016)

Diante disso, não devemos construir uma interface considerando apenas o público-alvo. Essa persona é importante para a marca e o produto? Com certeza! Mas desenvolver uma solução acessível permite alcançar pessoas que, por exemplo, estão dentro do público-alvo mas enfrentam dificuldades momentâneas. Além disso, vale destacar alguns dados importantes:

  • 8,4% das pessoas no Brasil possuem algum tipo de deficiência — Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (PNS);
  • 23,9% da população brasileira declarou algum tipo de deficiência no Censo Demográfico de 2010, mas critérios recentes — PNS 2019 — sugerem revisão para 8,4%;
  • 9,8% das mulheres e 6,9% dos homens no Brasil têm algum tipo de deficiência — PNS 2019;
  • 7,2 milhões de pessoas no Brasil possuem deficiência visual — PNS 2019;
  • 2,2 bilhões de pessoas no mundo têm deficiência visual, seja para perto ou para longe — World Health Organization 2019 (WHO, 2019);
  • 188,5 milhões têm deficiência visual moderada — WHO, 2019;
  • 217 milhões possuem comprometimento moderado a grave de visão — WHO, 2019;
  • 826 milhões vivem com presbiopia não corrigida, que afeta a visão de perto — WHO, 2019;
  • 4,5% da população mundial é daltônica — Colour Blind Awareness.

Analisando esses dados, fica claro que a acessibilidade não se limita a incluir pessoas com deficiências permanentes. Trata-se, na verdade, de propor uma usabilidade melhor para todos que irão interagir com a sua solução.

"A acessibilidade web é para VOCÊ com bateria do celular quase acabando e com o brilho da tela no mínimo. Para VOCÊ que foi fazer exercício no final da semana, machucou o braço e não consegue mais usar o mouse por 2 semanas. Para VOCÊ acrescido de 30, 40 ou 50 anos de idade que pode ter dificuldade de se locomover ou enxergar." — Livia Gabos, Acessibilidade na Internet

Além disso, vivemos em um "mundo sem fronteiras" onde pessoas de diferentes contextos estarão acessando seus produtos. E sim, elas fazem parte do seu público-alvo, porque o que está disponível na rede deve ser acessível a todos.

Por fim, surge a nossa próxima parada: como lidar com a acessibilidade no meio digital?

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